Por Dra. Aline Angelin Teixeira
Leonardo Da Vinci, recorreu à arte para retratar a Santa Ceia, sem que naquela época, levantasse qualquer questionamento sobre o papel da mulher na sociedade. Hoje, após décadas de protestos, a mulher com toda a sua determinação e empenho, está cada dia mais perto de se livrar da cultura primitiva de que nasceu para “servir”. O que as mulheres querem e merecem, é um lugar à mesa, como uma busca incessante pela igualdade de direitos, oportunidades e reconhecimento.
Nos últimos meses, muito temos visto sobre as profusas sequelas fomentadas pela pandemia do COVID 19 e pelo isolamento social.
O impacto na economia, o número de mortos, vacinas, e dados sobre violência doméstica ganharam destaque, e com isso, disseminaram fartas pautas para a realização de estudos e implantação de novas formas de economia, e principalmente de relevantes “produtos” para exploração política.
Uma realidade ainda ignorada, é que com o isolamento social, a mulher, que em sua maioria é mais emotiva, encontrou nas redes sociais, amparo para dividir suas dores, acolhimento para diminuir a saudade dos familiares, e um canal instantâneo de denúncias contra os mais variados tipos de violência e preconceito vivenciados. Mais do que nunca, as denúncias que muitas vezes ficaram escondidas como poeira debaixo do tapete, hoje são lançadas ao vento com uma demasiada velocidade, permitindo assim, um arrimo para o respeito da sua condição de humana, tal qual assegura a nossa carta magna: homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações.
Entretanto, lamentavelmente, por diversas vezes, as mulheres e suas batalhas são utilizadas como “produtos” de campanhas políticas, afinal, “defender” a mulher está em alta. Mas não paramos por aí; as mulheres também são usadas como objeto de marketing institucional, já que na hora de se sentarem à longilínea mesa de reunião para debaterem sobre questões de extrema relevância, se deparam com a decepcionante realidade: naquela mesa, quase não há lugar disponível para uma mulher, e “sorte” daquela que conseguiu conquistar o assento. Digo “sorte” com ironia, porque aquela mulher sentada ao lado de tantos homens, precisou trabalhar cinco vezes mais do que qualquer um deles; teve que se despir da sua sensibilidade genuína; perdeu su a família; foi julgada por trabalhar tanto ... mas, o.k., ela não se abate. Ela acredita na causa, e certamente hoje, aquela mulher deve estar construindo mais cadeiras, para que em vez de fazer um homem se levantar, ela almeja é poder convidar tantas outras mulheres competentes para se juntarem.
Esta matéria não é para instigar a competição entre homens e mulheres, muito menos para levantar a bandeira de que as mulheres são melhores do que os homens. Se trata de aproveitar a “sorte”, e mostrar o quanto é difícil o nosso percurso.
Dra. Aline Angelin Teixeira
Advogada Membro da Diretoria da 21ª Subseção da OAB/RJ
Presidente da Comissão OAB Mulher Angra dos Reis
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