Por Luiz Silva - Juiz de Direito
O magistrado é colunista da Revista Júris Rio
Que o ano novo, seja novo de verdade e a gente crie um maneira de não cair na teia do consumismo e do comodismo e já repetirmos no seu terceiro ou quarto dia tudo exatamente igual a todos os dias do ano que se vai. Pelo que vejo, o ano está acabando, e a gente continua correndo contra o relógio e usando o famoso clichê: "Não tenho tempo".
Que não sejamos pessimistas diante da raça humana, que na verdade não anda lá grandes coisas e cada vez mais individualista e, portanto, não se deveria esperar nada de tão diferente.
Falo de um começo de ano com mais generosidade e distante da religiosidade fingida, pois o que mais ofende a Deus, não é não acreditar nele, mas acreditar e achar que pode compra-lo; do amor com hora marcada e a frieza posta na mesa apesar da diversidade de alimentos.
Falo de confraternização, abraço sincero, acolhimento da família sabendo que ali a gente é respeitado mesmo quando não é entendido.
Falo de uma tentativa real de recomeçar, até onde é possível: com um olhar um pouco diferente para pessoas a quem normalmente o tempo de dias atarefados nos impedem um maior e melhor contato. Gente que nos interessa independente do status, grana, importância e possível utilidade.
Falo de uma entrada em um novo ano abrindo as portas e janelas da casa, do coração e da alma. Sem frescura, sem afetação, sem mau humor, sem pressão nem formalidade. Pensando que a gente poderia ser mais irmão, mais amigo, mais filho, mais pai ou mãe, mais humano. Começar, não com planos mirabolantes que não se podem cumprir, com desejos inúteis que tomam muito tempo da gente, com menos compromissos, mas inventando novos modos de querer bem, sobretudo a si mesmo. Sem isso não tem jeito de gostar dos outros de verdade.
O bom é entrar num novo ano sem lamentações inoportunas, sem rancor, ódio , essa coisas que nos fazem tanto mal e, sobretudo, sem acusar: o destino, o outro, o pai, o chefe, a vida.
Que não nos deixemos levar pela banalidade, pela vaidade, para agüentar o resultado infeliz de toda uma vida, o desamor dos parentes chatos, dos filhos idem, da mulher ou marido irônicos, da sogra carrancuda, do amigo interesseiro ou do prenúncio das contas que se acumularão porque a gente gastou o que não podia com coisas que não devia.
Devemos romper os laços que nos mantém atrelados a manada e se propor refletir sobre a vida mais vezes, não só numa data especial. Independente de crença, ideologia e vivências, às vezes uma data marcada pode nos empurrar para menos arrogância, menos futilidade, mais humanidade. E já que é um novo ano, que façamos uma viagem para o nosso interior e lá, encontrando nossos defeitos, tenhamos maturidade e sabedoria para educarmos cada um deles e que cheguemos ao final do ano consciente de que nos tornamos pessoas melhores.
Feliz ano novo!!!
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